A BELÍSSIMA PRECURSORA DA NUDEZ E DO WI-FI

O nome de registro da atriz era Hedwig Eva Maria Kiesler e ela nasceu na Áustria, em 9 de novembro de 1914. Depois, quando foi atuar no cinema ficou conhecida como Hedy Lamarr. Trabalhou inicialmente em vários filmes alemães, tchecos e austríacos, tendo começado muito jovem. Em 1933, com apenas 18 anos e casada, estrelou o controverso Ecstasy, de Gustav Machatý, um verdadeiro escândalo para a época. Em uma cena de vários minutos, nadava nua em uma piscina e simulava um prolongado orgasmo. Seu marido, o fabricante de armas Friedrich Mandl, nazista de carteirinha, lhe aplicou uma violenta surra e saiu pela Europa toda para comprar e destruir as cópias da película. Gastou uma fortuna fazendo isso, enquanto a mantinha em cárcere privado na residência do casal.

Em 1937 Hedy finalmente conseguiu fugir do “conge”, como diria um certo ex-juiz aqui no Brasil, subornando a criadagem. Partiu para Paris e, mais tarde, se refugiou em Londres. Na capital inglesa conheceu Louis Mayer, diretor dos estúdios Metro-Goldwyn-Mayer, e com ele seguiu para os EUA. Do outro lado do Atlântico, bem mais segura, deu seguimento à trajetória de atriz, trabalhando em pelo menos outros 30 filmes. Um dos que lhe deram notoriedade foi quando interpretou a protagonista em épico dirigido por Cecil B. DeMille: Sansão e Dalila, rodado em 1949. Ela era quem seduzia, traia e entregava seu parceiro – papel que foi vivido por Victor Mature – aos filisteus, enlouquecendo fãs tanto pela beleza quanto pela suposta maldade. Na história, ela é motivada pela morte da irmã, não tendo sido gratuita a sua ação contra o herói. Também teve a oportunidade de contracenar com outros grandes atores da época, como Clark Gable e James Stewart.

Se pelas aparições nas telonas Hedy povoava os sonhos masculinos, na década de 1950, em sua vida real teve vários casamentos. Em um deles, se tornou esposa do magnata do petróleo W. Howard Lee, de quem não teve pudor algum em dilapidar boa parte da fortuna com a extravagância consumista que marcou aquela fase da vida. Agora, para quem acredita tolamente que beleza e inteligência são características excludentes, foi a atriz que inventou, ao lado do compositor George Antheil, um sistema de comunicação baseado em trocas simultâneas de frequências, que podia permitir que duas pessoas conversassem entre si sem interferências. Ela o patenteou em 1940. E poucos anos mais tarde, quando explodiu a Segunda Guerra Mundial, ele serviu de base para que um aparelho de interferência em rádio despistasse radares nazistas. Essa invenção foi tão revolucionária que foi aplicada na moderna tecnologia de conexões de Wi-Fi e CDMA, usada em telefones celulares.

Nos seus últimos anos de vida Hedy estava bem diferente da época de intenso glamour. Vivia amargurada e reclusa, com raríssimas aparições públicas. Em duas dessas oportunidades, chegou a ser presa por furtos pequenos praticados em lojas de Los Angeles e de Orlando. Faleceu em 19 de janeiro de 2000, com 89 anos de idade. Mas, três anos antes ela recebeu do governo dos EUA uma menção honrosa, com a justificativa escrita de ter “aberto novos caminhos nas fronteiras da eletrônica”. E, em 2014, foi introduzida postumamente no National Inventors Hall of Fame.

19.06.2024

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O bônus de hoje é a música Kiss It Better (Beije Melhor), com a cantora, atriz e empresária Rihanna (Robyn Rihanna Fenty), natural de Barbados.

NADA SE COMPARA A VOCÊ

Tão talentosa quanto polêmica, a cantora e compositora irlandesa Sinéad O’Connor faleceu no último dia 26 de julho. Mulher bonita e com uma voz que conseguia ser doce e firme, ela lançou ao longo de sua carreira dez álbuns de estúdio, o primeiro deles em 1987 e o último em 2014. Durante muitos anos se apresentava de cabeça raspada e confirmando a imagem de rebelde e provocativa que também gostava de cultuar.

Muito engajada e combativa, ficou conhecida também por causas que defendeu ao longo da vida. Criticava duramente a igreja católica devido aos muitos escândalos de pedofilia; se opunha à política social da então primeira-ministra do Reino Unido, Margareth Thatcher; apoiava alguns movimentos de esquerda em seu país; e criticava inclusive músicos. Em 1991 se recusou a ir até Nova York para a entrega do Grammy em protesto contra a Guerra do Golfo. Uma ocasião deixou nove mil pessoas esperando em um concerto para o qual estava convidada, porque os organizadores tocaram o hino dos Estados Unidos na abertura, o que não estava previsto e foi feito sem a sua concordância.

Foi com o seu segundo trabalho, o álbum I Do Not Want What I Haven’t Got (Não Quero o Que Não Tenho), de 1990, que alcançou notoriedade. Em especial a faixa Nothing Compares 2 U (Nada se Compara à Você), composta por Prince, ajudou a levá-lo para a primeira posição em termos de vendas em diversos países. Naquele mesmo ano ela participou do show que deu origem ao DVD Roger Waters The Wall Live in Berlin, cantando Mother, do Pink Floyd. Eclética, seu terceiro álbum – gravado em 1992 – foi feito com uma orquestra e cantando versões de sucessos dos anos 1950 e 1960, de cantoras como Ella Fitzgerald, Doris Day e Billie Holiday. Em 2005 lançou um apenas com reggae.

Não lhe faltavam motivos para que ela enfrentasse sérios problemas emocionais. Sua vida pessoal foi marcada por vários acontecimentos negativos que a afetaram profundamente. Começou com abusos físicos e psicológicos sofridos na infância, com internação em casa correcional para menores, seguiu com a perda da sua mãe no início da carreira devido a um acidente de automóvel, três casamentos e de quatro filhos, com um deles morrendo em 2022, aos 17 anos. Esses e outros eventos e situações influenciaram seu comportamento e sua produção.

Até com seu próprio nome ela foi controversa. Nasceu Sinéad Marie Bernadette O’Connor, mas em 2018 decidiu mudá-lo para Magda Davitt, sabe-se lá por que razão. No ano seguinte, ao ter se convertido ao islamismo, alterou outra vez para Shuhada’ Sadagat. Mesmo assim, em termos profissionais, suas gravações e apresentações continuaram sendo feitas como Sinéad O’Connor. Mas, independente de como fosse ela chamada, seu talento com certeza sempre a tornaria única.

04.08.2023

Sinéad O’Connor e seu filho mais velho Shane, que faleceu no ano passado

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No bônus de hoje, Sinéad O’Connor canta Nothing Compares 2 U. A gravação deste clipe se deu durante o Concerto da Anistia Internacional que aconteceu no Chile.