SOBRE MARILYN MONROE

Ela foi considerada uma das mulheres mais lindas da história do cinema. Muitos limitaram a isso as observações que fizeram sobre ela, deixando de considerar sequer a hipótese de que tivesse talento como atriz. Quem pensava diferente, mesmo assim, em geral a analisou pelo desempenho em alguns dos papéis que viveu, ao longo da carreira. E poucas pessoas se dedicaram a examinar com maior atenção sua biografia, deixando de saber coisas que na certa dariam uma noção mais nítida de quem de fato foi essa mulher. Marilyn Monroe, afirmo a quem porventura não saiba, era muito maior do que os estereótipos que lhes foram atribuídos.

Era loura – ao que parece graças à tintura, sempre tendo se mostrado assim – , mas não era burra. Até porque, convenhamos, não existe essa correlação de modo algum, com pessoa alguma. Seja qual for a cor do cabelo de alguém, esse detalhe genético nada tem de causa e efeito com a sua capacidade intelectual. O preconceito e a repetição da mentira é que fizeram incautos jurarem que isso é verdadeiro. Tipo assim, como a Terra ser plana. A atriz, cujo nome verdadeiro era Norma Jeane Baker (1926-1962), cultivava e muito o hábito de leitura. Em casa, possuía uma biblioteca com mais de mil livros sempre disponíveis e os lera todos. Versavam sobre teatro, ao que ela se dedicava, mas também filosofia e literatura, com poesia sendo uma especial predileção sua. Consta que determinada ocasião fez um teste e seu Quociente de Inteligência (QI) atingiu um total de 165 pontos. Para termos de comparação, os índices de Bill Gates e Stephen Hawking chegaram a 160.

Marilyn nasceu em Los Angeles e passou sua infância em um orfanato e em lares adotivos. Isso porque sua mãe biológica, Gladys Pearl Monroe, não tinha condições financeiras e mentais para cuidar dos filhos. Entre idas e vindas, quando a progenitora chegou a trabalhar na casa de uma família que acolhera Marilyn, para ficar próxima dela, houve diagnóstico de esquizofrenia paranoide. A partir de então os contatos foram apenas ocasionais e dentro de hospitais onde Gladys passou o resto da vida internada. Assim, ainda adolescente, com 16 anos, quando trabalhava numa fábrica de drones para uso durante a Segunda Guerra Mundial, conheceu o fotógrafo e escritor James Dougherty, tendo casado com ele.

A atriz não teve nem como viver plenamente sua adolescência. E faltaram exemplos que pudesse seguir, fossem eles paternos ou maternos. Esse seu primeiro casamento foi como a busca de um apoio, de uma estrutura com a qual contar. O que não pode ser criticado de modo algum, consideradas as circunstâncias. Foi ele também, pela profissão que tinha e em virtude ao local onde a exercia – First Motion Picture Unit – que abriu para ela uma possibilidade de carreira, que começou como modelo pin-up. Era essa a designação em inglês dada na época para modelos que tiravam fotos que valorizavam uma figura voluptuosa, que exerciam forte atrativo na cultura pop ao serem distribuídas em larga escala.

Esse primeiro passo permitiu que logo fosse convidada para participar de curtas-metragens produzidos pela 20th Century Fox e pela Columbia Pictures, ficando dois anos na primeira (1946-1947) e um na segunda (1948) empresa. Mas, no contrato seguinte, assinado com a Fox, se tornou uma atriz popular, ao ganhar papéis em diversas comédias e também em dramas. Foi quando descobriram que antes de ser uma atriz conhecida pousara nua, o que foi ao mesmo tempo um escândalo e também motivo para o aumento da sua popularidade. Sobre casamentos, ela teve ainda outros dois maridos: Joe DiMaggio, que era um jogador de basebol; e o dramaturgo Arthur Miller.

Entretanto, o que de mais controverso e chocante para aquele povo, que se caracteriza e muito pela hipocrisia, foi a possibilidade de ela ter sido amante de John Kennedy. Vejam o exemplo de Bill Clinton, condenado pela opinião pública por uma suposta sessão de sexo oral com uma das suas assistentes, na Casa Branca, nunca pelos ataques com motivação falsa e centenas de mortos no Iraque. No caso da suspeita quanto à relação da atriz com Kennedy, isso alimentou teorias da conspiração que até atribuem a morte dela a uma operação da CIA. A versão oficial, que foi a que terminou preponderando, aponta para uma overdose de barbitúricos, no dia 5 de agosto de 1962, aos 36 anos. Isso se fundamenta no fato de que ela usava pílulas para dormir, na tentativa de resolver uma insônia crônica.

Também consta – e vai saber se tal informação foi plantada ou não – que ela tinha Transtorno de Personalidade Borderline. Quem enfrenta isso se comporta como se vivesse sempre com os nervos à flor da pele. Outra característica é que as pessoas ficam com uma visão distorcida de si mesmas e de quem vive a seu redor, por instabilidade e uma excessiva sensibilidade. Que Marilyn era intensa, isso ninguém nega, mas quanto à hipótese de ser também doente, essa é defendida por muitos e refutada por outros tantos.

Voltando ao suposto affair vivido pela atriz e aquele que talvez tenha sido o mais amado presidente norte-americano, em tempos modernos, isso também já foi confirmado e desmentido inúmeras vezes. Entretanto, um livro que conta a história da ex-primeira-dama Jacqueline Kennedy (Jackie: Public, Private, Secret), do pesquisador e escritor J. Randy Taraborrelli, parece ter dado ponto final às especulações. Isso porque ele revela que Jackie ficara furiosa e confrontara sua psicanalista ao saber que ela também tinha tratado Marilyn, pois se sentira traída pela profissional. E, quando se trata da percepção feminina, melhor que nem se ouse discordar em relação ao que ela aponta.

19.03.2024

Norma Jeane Baker, a Marilyn Monroe

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O bônus de hoje oferece clipe de cenas mostrando Marilyn Monroe, com a música Young and Beautiful ao fundo, cantada por Lana Del Rey. Na letra da canção, a protagonista questiona se ainda será amada quando não for mais jovem e bonita, ou “quando nada mais sobrar além de sua alma dolorida”.

TUDO VAI DAR CERTO

O roteiro e a direção são assinados por Woody Allen, o que já dá o tom de como e onde a história deve se desenrolar. Claro que em Nova York, onde um homem de idade avançada e mal humorado se envolve em um improvável relacionamento. Ele é um enxadrista aposentado e hipocondríaco, que vive só e se depara um dia com uma jovem na sua porta, pedindo algo para comer e um lugar para passar a noite. Ela é uma interiorana vinda do Sul, recém chegada na metrópole completamente sem noção de nada. A noite se transforma em uma semana e se transfigura, ao longo e depois disso, em uma relação absurdamente pitoresca. Estou falando de Whatever Works, que foi lançado no Brasil ainda em 2010 com o título de Tudo Pode Dar Certo e agora anda por aí, extraviado em streamings e sites especializados.

No elenco estão Larry David e Evan Rachel Wood, nos papéis principais de Boris e Melodie. Quando a história do casal vai tomando o rumo da intimidade, a mãe da garota chega repentinamente. A mulher se coloca contra a escolha da filha e começa a buscar um parceiro substituto para ela. Depois chega o pai da moça, o que complica ainda muito mais os acontecimentos. Entretanto, são esses dois novos personagens que a partir do que encontram sofrem as maiores consequências e vão aos poucos percorrendo uma jornada de autoconhecimento.

Esse filme marcou o reencontro de Allen com sua cidade, uma vez que antes de rodar Tudo Pode Dar Certo ele esteve por um bom tempo na Europa – cinco anos para ser exato –, período no qual dirigiu outros quatro longas-metragens. Segundo seu relato, o roteiro era ainda do início da década de 1970, quando ele havia preparado tendo em mente Zero Mostel para viver o papel de Bóris. Ele era seu amigo e ambos já haviam contracenado em The Front, uma comédia dramática de 1976, dirigida por Martin Ritt. No Brasil o filme recebeu o nome de Testa de Ferro Por Acaso, seguindo a ilogicidade reinante no setor. Só que aquele autor faleceu em 1977 e a ideia foi arquivada por 30 anos.

O roteirista e diretor confessou que quase nada foi mudado do roteiro original. Segundo ele, as alterações mais significativas giraram apenas em torno das referências sociais e políticas que estavam datadas. Agora, como é característica dos trabalhos de Woody Allen, os diálogos são ágeis e não raras vezes cortantes. Um recurso que busca demonstrar comportamentos do personagem e, ao mesmo tempo, chamar a atenção para os de quem assiste. No caso deste trabalho, a crítica ficou dividida. Houve quem dissesse que ele não acrescentou nada de especial para a carreira do Allen, mas também tivemos quem afirmasse que ele com toda a certeza agradaria quem conhece e admira o seu estilo.

De qualquer forma, estamos diante de um relacionamento entre pessoas não apenas de idades como de mundos diferentes. São contrastes que se somam, desde a idade e a formação pessoal, passando por alguém que é tipicamente fruto de um grande centro, enquanto a outra pessoa tem horizontes quase suburbanos. Uma demonstração de que é mais do que correta a frase do filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662): o coração tem razões que a própria razão desconhece. Indicação feita, espero que você me dê razão por afirmar que vale a pena ficar diante da tela por uma hora e meia. Se trata de diversão leve, com proposta de que se tenha uma visão mais generosa quanto à diversidade maravilhosa dos seres humanos.

10.12.2023

Larry David (Boris) e Evan Rachel Wood (Melodie)

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O bônus de hoje oferece primeiro o trailer legendado do filme em questão e depois uma das músicas que fazem parte de sua trilha sonora: Salty Bubble, de Tom Sharpsteen e His Orlando.