A MÚSICA BRASILEIRA ESTÁ DE LUTO
O cantor e compositor paraibano Vital Farias faleceu na manhã desta quinta-feira, 6 de fevereiro, aos 82 anos de idade. O artista foi vitimado por um choque cardiogênico, uma condição na qual o coração não mais consegue bombear sangue de forma adequada, causando diminuição da pressão arterial e falta de oxigênio. Fez sua passagem nas dependências do Hospital Metropolitano Dom José Maria, em Santa Rita (PB). Ele fora internado na véspera, em decorrência de um infarto agudo do miocárdio. Passou por todos os exames e procedimentos de emergência, mas não resistiu. Seu falecimento foi lamentado nas redes sociais por vários dos ícones da música nordestina, como Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Chico César e tantos outros.
Vital Farias nasceu na zona rural do município de Taperoá, no Cariri da Paraíba, em 23 de janeiro de 1943. Era o filho caçula, tendo 13 irmãos mais velhos. Concluído o curso ginasial, foi para a capital aos 18 anos, prestar serviço militar. Estudou violão por conta própria e, mesmo sendo autodidata, terminou dando aulas do instrumento e também de teoria musical, no Conservatório de Música de João Pessoa. Nos anos 1970 foi morar no Rio de Janeiro, onde se formou em Música. Como compositor estreou com “É mãe”, feita em parceria com Livardo Alves (1935-2002) e gravada por Ari Toledo (1937-2024). E seu primeiro disco veio em 1978.
Entre suas principais composições estão Saga da Amazônia, Pra Você Gostar de Mim, Sete Cantigas Para Voar, Assim Diziam as Almas, Caso Você Case e Apesar da Solidão. Mas, nenhuma delas superou o sucesso retumbante de Ai Que Saudade D’Ocê. Esta última foi gravada por Elba Ramalho, Fábio Júnior, Geraldo Azevedo, Fagner, Lucy Alves, Marcelo Jeneci, Zeca Baleiro e até pela banda de rock e reggae Scracho. Além disso, foi tema de duas novelas da Rede Globo: Renascer e Império.
Sua discografia foi composta por sete álbuns, por quatro gravadoras, além de uma produção independente: Vital Farias (Polygram 1978), Taperoá (CBS 1980), Sagas Brasileiras (Polygram 1982), Cantoria 1 (Kuarup Discos 1984), Cantoria 2 (Kuarup Discos 1985), Do Jeito Natural (Polygram 1985) e Vital Farias ao vivo e aos mortos vivos (Independente 2002).
Na política, Vital Farias iniciou na militância de esquerda e, em 2006, foi candidato ao Senado pelo PSOL. No pleito seguinte, em 2010, tentou outra vez o mesmo cargo, pelo PCB. Em 2014 alcançou a suplência de deputado federal, pelo PSB do então governador Ricardo Coutinho, sem jamais ter ocupado a cadeira. Sua última tentativa foi em 2022, com uma guinada do espectro ideológico e buscando outra vez lugar na Câmara dos Deputados, pelo Avante. Como nas oportunidades anteriores, não se elegeu.
Uma última curiosidade sobre Vital é que ele gravou uma música de autoria de dois gaúchos: Pedro Muniz, natural de Barra do Ribeiro, e meu amigo Martim César, de Jaguarão – este, um letrista de mão-cheia. Falo de Procissão dos Retirantes, que foi a vencedora do 1º Festival Nacional de Músicas da Reforma Agrária, realizado em 1999.
07.02.2025

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é outra vez duplo, tendo dois áudios. Começamos com Ai Que Saudade D’Ocê, de Vital Faria, na voz de Zeca Baleiro. Depois é a vez de Procissão dos Retirantes, de Martim Cesar e Pedro Muniz.