Um Boeing 757 totalmente pintado de branco e sem identificação alguma na sua fuselagem pousou em Porto Alegre na terça-feira, 20 de agosto. Isso ocorreu no final da tarde e, não muito depois, voltou a decolar com destino a Guarulhos, em São Paulo. As duas concessionárias que têm as administrações de ambos os aeroportos confirmaram o fato. Buscando saber sua procedência e razão da viagem, a imprensa levantou outros dados bastante relevantes sobre este fato incomum. Através da Internet foi possível fazer o monitoramento da aeronave, determinando que ela decolou de Nova Jersey, nos Estados Unidos, na segunda-feira, dia 18. Fez escalas em Tampa, na Flórida, e em San Juan, em Porto Rio, de onde seguiu direto para a capital gaúcha.

Também foi fácil descobrir a sua nomenclatura C32 B e que se tratava de um avião modificado, pertencente à Força Aérea dos EUA. Este é uma espécie de “coringa” da aviação militar daquele país, não sendo o único. Existem outros como ele, sempre de prontidão para a realização de missões em quaisquer pontos do planeta, servindo tanto à CIA quanto ao Departamento de Estado. Internamente, todos possuem um avançado sistema de comunicação e tanques de combustíveis extras, para que a sua autonomia de voo seja ampliada de modo significativo. Estes ficam no compartimento de carga dianteiro, garantindo que possa se manter no ar em percursos de mais de 11 mil quilômetros. Ou seja, mais de quatro mil quilômetros além do que os Boeing 757 originais. Além disso, ainda têm um sistema de reabastecimento em voo.

Eles têm ainda, entre outras particularidades, uma escada embutida junto à porta dianteira, para ser utilizada na hipótese de pouso em local onde não exista o suporte necessário. E um guincho no porão, que permite o deslocamento de bagagens para dentro e para fora com praticidade. Apelidado de “Gatekeeper” (porteiro), este tipo de avião oficialmente tem como principal missão proteger tanto embaixadas quanto “interesses” do governo estadunidense fora do seu território. Seriam usados em ações como as de retiradas de cidadãos quando em nações em conflito e com risco iminente.

Questionada, a Embaixada dos Estados Unidos confirmou na quarta-feira que ele realizava uma operação logística no consulado de Porto Alegre, com sua chegada tendo sido autorizada pelas autoridades brasileiras. O que, convenhamos, usualmente ocorre. Em tese nenhuma aeronave estrangeira pode invadir o espaço aéreo do país sem ela, ou corre o risco de ser interceptada pelos caças da Força Aérea Brasileira. Há também a exigência de um plano de voo, o que também foi confirmado. O próprio ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que sua pasta tinha sim conhecimento prévio do fato. Mesmo assim, maiores explicações não foram dadas por nenhum órgão dos dois governos.

Especulações começaram a ser feitas, o que é bastante normal, ainda mais com as recentes tensões entre Washington e Brasília, depois que Donald Trump resolveu aplicar seu “tarifaço”, além de tentar interferir em decisões da Justiça brasileira. Desde modo é natural que exista o receio de que a aeronave estivesse envolvida em atividades não previamente informadas ao governo brasileiro. Por causa disso, parlamentares tanto da base quanto da oposição já encaminharam requerimentos solicitando informações mais detalhadas sobre a suposta missão e a listagem dos passageiros que porventura desembarcaram. Não apenas eles como também a população merece entender melhor o que houve.

22.08.2025

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O bônus de hoje é o áudio de Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, na voz de Gal Costa.