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NENHUM OBJETO FOI MAIS VELOZ

Em 1957, ano no qual eu vim ao mundo, um objeto saiu dele em uma velocidade absurda, a maior já alcançada por algo criado pelo homem. Naquela ocasião, o físico e engenheiro Robert Brownlee liderava testes nucleares subterrâneos nos EUA. O objetivo era conhecer na prática, indo além de projeções matemáticas, os efeitos das explosões destes artefatos militares. Era a chamada Operação Plumbbob, levada a cabo no Nevada Test Site, distante 65 milhas de Las Vegas.

Um túnel profundo (150 metros) foi aberto e, depois de colocada a bomba no seu interior, resolveram selar a entrada com uma tampa de bueiro que tinha 900 quilogramas. Apenas esqueceram de considerar o que aconteceria com ela, quando fosse feita a detonação. A energia liberada no momento foi tão violenta que ela se desprendeu do solo em uma velocidade depois estimada em 66 km/s. Isso equivale a nada menos do que 240 mil km/h, quase seis vezes o que é necessário para o escape da Terra. Velocidade maior inclusive do que a exigida para escapar do sistema solar.

Chama-se velocidade de escape aquela que é necessária alcançar para que um corpo se livre da influência da gravidade do planeta. Ela é de 11,2 km/s ou 40.320 km/h. Isso é, por exemplo, 111 vezes mais rápido do que pode chegar um Fórmula 1 em reta livre. Ou ainda 30 vezes mais do que a velocidade do som em ambiente de 25 graus centígrados. Para entrar em órbita um foguete tem que atingir bem menos: 28.440 km/h.

Mas, como foi calculada a velocidade da tampa? Acontece que uma série de máquinas fotográficas foram dispostas para acompanhar o teste e em apenas uma delas, num único frame, a tampa aparece. Explicando, um frame é aquela unidade de imagem estática que, nos vídeos, quando da reprodução em sequência, cria o movimento. Um retângulo daqueles que se vê em filmes anteriores ao uso quase exclusivo do digital. Deste modo foi fácil estabelecer a velocidade com a qual ela foi ejetada. O cientista Robert Eric Brownley fez o cálculo e seu resultado acabou comprovando a situação inédita.

A tampa de bueiro jamais foi vista outra vez. A probabilidade maior é de que tenha se desintegrado devido ao atrito com a atmosfera. Entretanto, se conseguiu sair, mesmo que não inteira, seguiu vagando pelo espaço sideral afora. E deve estar absurdamente longe, depois de todos esses anos. Isso gerou uma série de brincadeiras posteriores – algo que, se fosse hoje em dia, seria feito através de memes. Alguns textos foram produzidos com os autores imaginando essa “viagem”, inclusive com o objeto se chocando com uma nave extraterrestre. Uma das narrações comemorava o fato de termos finalmente o nosso próprio disco voador. Isso poderia surpreender outras civilizações, que se dariam conta de se tratar de uma construção, mesmo ele não sendo veículo a transportar vidas. Muito mais ainda se soubessem que sua origem foi algo de extremo poder destrutivo, com capacidade de tirá-las.

05.02.2025

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