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DEUS É BRASILEIRO, JESUS É PARAENSE

A expressão “Deus é brasileiro” não é nova, mas inexiste comprovação de quando surgiu e quem pela primeira vez a tenha dito ou escrito. Ela aponta para uma espécie de constatação de privilégios quase divinos, uma vez que nosso país não tem vulcões, não enfrenta terremotos e até recentemente estava inclusive fora das “rotas” de eventos climáticos tipo furacões – hoje em dia ciclones e tornados (*)  estão se tornando corriqueiros. Outra razão seria suas belezas naturais, com rios, cascatas e matas densas, os milhares de quilômetros de praias paradisíacas e seu povo supostamente acolhedor. Isso além de uma cultura rica, culinária farta e musicalidade incomparável. Tudo inegavelmente verdadeiro – talvez menos no que se refere à população, pelo que se viu nos últimos tempos –, segundo atesta a maioria dos turistas que nos visitam.

Repetindo, a expressão está associada à visão de que o Brasil seria um país abençoado e protegido. O que foi depois propagado inclusive para além fronteiras. O muito bem-humorado Papa Francisco, falecido em abril deste ano, chegou a brincar em uma entrevista, concedida em 2013. Nela, teria dito que “o Papa é argentino, mas Deus e brasileiro”, o que ajudou ainda mais nessa difusão mundo afora. E bem antes disso, o cineasta Cacá Diegues dirigiu um filme que levou esse nome – Deus é Brasileiro (2003). Ele foi baseado no conto “O Santo que Não Acreditava em Deus”, de João Ubaldo Ribeiro.

Se por um lado não se sabe a partir de que ponto do território nacional Deus teria estabelecido essa relação de naturalidade, Jesus, o filho pródigo Dele, seria paraense. Pelo menos é o que afirmou em 1972 o centroavante do Internacional, Claudiomiro. Ao desembarcar em Belém, para a disputa de partida contra o Payssandu, uma declaração sua para a imprensa causou espécie. E passou a integrar o folclore futebolístico da nossa terra. “Tenho o maior orgulho em jogar na cidade onde Jesus nasceu”, afirmou categórico. A história é rigorosamente verdadeira.

Pessoalmente, conheci Claudiomiro já decadente, vencido pelo excesso de peso e pela bebida, quando jogou por curto período no Caxias. Ele, que iniciara com apenas 13 anos nas categorias de base do colorado, marcou 218 gols nos 423 jogos disputados com aquela camisa. Depois esteve no Botafogo (1975) e no Flamengo (1976 e 1977), de onde veio para a cidade da serra gaúcha. Em 1979 recebeu nova chance do seu primeiro clube, mas não tinha mais condições físicas para dar algum resultado positivo. O “Bigorna”, apelido pelo qual também era conhecido, encerrou a carreira prematuramente, em 1979, com 29 anos de idade. Nem aquele parceiro, que ele imaginava ter nascido em Belém do Pará, foi capaz de lhe garantir um futuro melhor. Em 24 de agosto de 2018 foi encontrado morto em sua residência, em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre. A causa da morte não chegou a ser divulgada.

26.11.2025

(*) Ciclone é um termo genérico, aplicado para ventos muito fortes. Tufões e furacões são tipos específicos de ciclones tropicais, que se formam sobre os oceanos e têm uma força destrutiva muito grande. Já os tornados, também são intensos e causam danos consideráveis, porém em locais específicos. Ou seja, são menores em área abrangida e duram menos tempo. Estes se formam a partir de nuvens de tempestade sobre terra firme. Quando sobre o mar, têm o nome de trombas d’água.

Antônio Fagundes e Wagner Moura, em cena de Deus é Brasileiro

O bônus de hoje é um clipe de One of Us (Um de Nós), canção da estadunidense Joan Osborne. Foi lançada em 1995 e integra o álbum Relish (Apreciar/Sentir Prazer).

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