HOTEL CALIFORNIA

Quem foi jovem na mesma época que eu, dificilmente deixou de ouvir e de se apaixonar pela música Hotel California (em inglês esta palavra não tem acento). Era e é um som cativante, tendo uma batida que até parece carregada de latinidade, apesar de ser de uma banda que surgiu e se consagrou com o country rock, de essência profundamente estadunidense. Ao menos no seu início, a Eagles era isso mesmo. Só que foi quando evoluiu para um som mais amplo, explorando elementos de outras sonoridades, é que ela de fato “explodiu” de modo ainda mais retumbante, chegando a uma discografia que inclui clássicos atemporais. Como esse que agora estou relembrando.

A banda Eagles foi fundada em Los Angeles, Califórnia, no ano de 1971 por quatro músicos: Glenn Frey, nascido em Detroit (Michigan); Bernie Leadon, natural de Mineápolis (Minnesota); Don Henley nascido em Gilmer (Texas); e Randy Meisner, de Scottsbluff (Nebraska). Seu LP de estreia veio em 1972, com imediata e excelente aceitação. Don Felder, de Gainesville (Flórida), entrou no grupo no final de 1974. E a primeira troca na formação ocorreu em 1976, com Bernie substituído por Joe Walsh, de Wichita (Kansas), sem abalar em nada seu prestígio. Coloquei os nomes de cada cidade natal e estado para mostrar que nenhum era do local que os projetou. A razão é que LA atraía um grande número de profissionais que buscavam por um lugar ao sol. O que eles, sem dúvida alguma, conseguiram.

Depois do primeiro álbum, que levou o nome da própria banda, lançaram um por ano, por quatro seguidos. Desperado, de 1973, foi baseado em histórias do Velho Oeste. Com On the Border (1974) se aproximaram do hard rock. One of These Nights, de 1975, fez com que se tornassem conhecidos internacionalmente. E Hotel California (1976) representou a sua consagração, com a música título se tornando a canção assinatura do grupo e alcançando a liderança na parada da Billboard em maio de 1977. Daí para o último dos álbuns que lançaram houve um pequeno hiato. The Long Run saiu apenas no final de 1979, um ano antes deles terminarem. Com a dissolução todos seguiram carreiras solo.

Hotel California, ao contrário do que possa parecer pelo nome, não refere nenhum lugar físico. Se trata de um estado de espírito. Sua letra é um enorme labirinto psicológico, que precisa de informações adicionais para ser de fato entendida. E essa complexidade contribuiu para que algumas generalizações apressadas ganhassem corpo, além de ter estimulado o surgimento de teorias ao melhor estilo conspiração. Tem quem ache que a letra é sobre drogas. Pentecostais andaram postando, recentemente, que ela trata sobre satanismo. Outros dizem que faz referência ao lado sombrio do “sonho americano”. Ou que não é de fato sobre um hotel e sim sobre um hospital psiquiátrico.

Entretanto, o que ela tem mesmo é uma série de metáforas. Assim, torna-se muito necessário analisar o contexto da época na qual foi escrita. Os seus autores, em entrevistas, já disseram mais de uma vez que queriam apenas denunciar a vida materialista e os excessos que viam todos os dias na Califórnia. Ou seja, uma alegoria sobre o hedonismo e a autodestruição da própria indústria da arte e entretenimento musical. Além de tudo, contrariando o que era usual na época, com canções que tinham cerca de três minutos de duração, ela chega a quase sete. Sua introdução, antes de voz, dura praticamente um. E o solo de guitarra no final é marcante. Leitores da revista Guitarist o elegeram como o melhor de todos os tempos, com Walsh e Felder produzindo uma obra-prima.

O que importa é que ela foi incluída na lista das 500 melhores músicas de todos os tempos, pela revista Rolling Stone. E que o seu hermetismo, de forma contraditória convivendo com um significado aberto, são fatores que permitem que cada ouvinte faça a sua própria interpretação. Ou que, como eu, simplesmente goste muito.

16.05.2025

Glenn Frey, Don Henley, Bernie Leadon e Randy Meister. Ilustração: The Washington Post

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O bônus de hoje é o videoclipe oficial (remasterizado em HD) de Hotel California, que foi gravado ao vivo em apresentação feita no Capital Centre, em Landover, Maryland, no ano de 1977.