QUEM NÃO LEMBRA DE “O FUGITIVO”?

Uma série televisiva clássica, que foi exibida nos Estados Unidos entre 1963 e 1967, produzida pela American Broadcasting Company (ABC), foi uma das minhas favoritas quando a TV Tupi a levou ao ar, no Brasil. Tivemos quatro temporadas e 120 episódios mostrando a saga de um médico injustamente acusado de assassinar sua esposa, na busca para provar sua inocência. Nos EUA foi apresentada em preto e branco até 1966, quando passou a ser em cores. Este verdadeiro clássico do drama policial tinha como estrelas David Janssen, Barry Morse e Bill Raisch.

Richard Kimble (Janssen) chegava em casa, em uma determinada noite, quando um homem sai do prédio e esbarra com ele, seguindo depois em fuga. Ao entrar, ele se depara com sua esposa ensanguentada e, numa atitude impensada, a abraça. Policiais chegam e o prendem em flagrante. Julgado e condenado pelas aparências, ele consegue fugir quando está sendo encaminhado para a execução da pena capital, devido a um acidente com o trem que o conduzia. Inicia então sua luta para encontrar o verdadeiro assassino, ao mesmo tempo em que precisa escapar da perseguição implacável realizada pelo tenente Philip Gerard (Morse).

“O Fugitivo” foi criado por Roy Huggins e sua popularidade tão grande levou a série a ter adaptações contemporâneas. No cinema foi em 1993, com Harrison Ford no papel principal e Tommy Lee Jones sendo o seu perseguidor implacável; e no ano 2000 outra vez na televisão, com Tim Daly e Mykelti Williamson. No original, foi indicada a cinco prêmios Emmy e ganhou o de Melhor Série Dramática de 1966. Sua reexibição mais recente foi na década de 1990, pelo AXN.

Como a vida imita a arte – do mesmo modo que ocorre o oposto –, houve um caso real com alguma similaridade em agosto de 1986, em Austin, no Texas. Michael Morton era casado, tinha um filho de cinco anos e um emprego bom. Um dia, ao retornar para casa encontrou a mulher morta. Ela havia sido espancada com um bastão e depois coberta com alguns travesseiros. Na véspera eles tinham comemorado seu aniversário de casamento. Acontece que na manhã do crime ele deixou para ela um bilhete, ao sair muito cedo, dizendo que a amava, mas ficara muito decepcionado por não terem feito sexo na noite anterior.

Este pormenor íntimo levou a polícia a suspeitar do homem, mesmo ele não tendo quaisquer antecedentes, nem mesmo uma pueril multa de trânsito. Num processo apressado e cheio de falhas ele foi acusado e levado à julgamento. Um dos exemplos é ter sido encontrado em beco próximo um cachecol ensanguentado. Foi pedida a verificação da mostra em laboratório e a promotoria recusou. Acabou condenado a 25 anos de prisão e perdeu a guarda do filho. Ofereceram a ele, em oportunidade posterior, liberdade condicional. Bastava que admitisse sua culpa, o que nunca fizera. Ele não aceitou.

Outro “detalhe” que nunca levaram em conta é que o cartão de crédito da mulher foi usado enquanto ele estava preso aguardando o julgamento. Michael cumpriu sua pena. Todos esses anos depois, alguém conseguiu que o sangue fosse testado e identificaram que o DNA pertencia a outro homem. Este inclusive estava implicado em crime semelhante. Também veio a público que o menino falara para a sua avó materna, quando foi perguntado sobre quem fizera isso com a mãe, que não havia sido seu pai e sim “um monstro”. Entretanto, outra vez o promotor não teria permitido que isso fosse usado.

Quando a verdade foi tardiamente descoberta, o juiz da ocasião se limitou a pedir desculpas pelo erro judiciário. O promotor, que fora inclusive promovido, perdeu sua licença e cumpriu dez dias de prisão. E, em maio de 2013, o governador Rick Perry sancionou uma lei elaborada para garantir que processos sejam mais abertos, removendo a chance de evidências serem barradas. A história completa de Michael está contada em seu livro “Getting Life” (Obtendo a Vida, em tradução literal), de 2014. Jamais foram recuperados os anos perdidos atrás das grades e o não convívio com o filho.

10.04.2025

Montagem de fotos da versão original de O Fugitivo (1963)

Você gosta de política, comportamento, música, esporte, cultura, literatura, cinema e outros temas importantes do momento? Se identifica com os meus textos? Se você acha que há conteúdo inspirador naquilo que escrevo, considere apoiar o que eu faço. Contribua por meio do PIX virtualidades.blog@gmail.com ou fazendo uso do formulário abaixo:

Uma vez
Mensal
Anualmente

FORMULÁRIO PARA DOAÇÕES

Selecione sua opção, com a periodicidade (acima) e algum dos quatro botões de valores (abaixo). Depois, confirme no botão inferior, que assumirá a cor verde.

Faça uma doação mensal

Faça uma doação anual

Escolha um valor

R$10,00
R$20,00
R$30,00
R$15,00
R$20,00
R$25,00
R$150,00
R$200,00
R$250,00

Ou insira uma quantia personalizada

R$

Agradecemos sua contribuição.

Agradecemos sua contribuição.

Agradecemos sua contribuição.

Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmente

O bônus de hoje é uma cena retirada da versão cinematográfica de O Fugitivo, que mostra a composição Stairway Chase (Perseguição na Escada), de James Newton Howard, uma das que compõem a trilha sonora do filme dirigido por Andrew Davis, com Harrison Ford e Tommy Lee Jones.