A IMPORTÂNCIA DO FEEDBACK
Quem escreve adora saber o que pensam sobre aquilo que produz. Os eventuais elogios que recebe estimulam a continuidade, enquanto as críticas menos positivas alertam quanto à necessidade de melhorar. Ou seja, em ambos os casos o feedback – retorno, informações relativas ao desempenho – cumpre um papel muito relevante. Eu os recebo, com boa frequência, seja direto no blog ou através do WhatsApp, com esta segunda via sendo disparado a escolhida por quem lê e decide tecer algum comentário. Reitero o meu agradecimento a todas e a todos.
Pois, após ter escrito na sexta-feira passada (15.02) sobre a decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) em cassar o registro profissional de Leandro Boldrini, médico condenado pelo assassinato de seu filho de 11 anos (link abaixo), aconteceu de ter recebido uma grande quantidade de retornos. Algo que superou a média habitual. Entretanto, aquele que mais me fez refletir sobre o que eu havia postado foi o dado por um amigo meu, que é médico e que, entre tantas qualidades que possui, escreve muito bem. Inúmeras vezes li seus textos, sobre os mais diversos temas. Segundo ele, a decisão tomada foi errada, pois não deveria ser competência do Conselho fazer o que fez. E que, se ele agiu assim, foi muito mais em função do clamor público.
Devido a isso fui reler o que eu tinha publicado, bem como todos os conteúdos que me serviram de base, de inspiração para produzir. E a primeira constatação feita é de que a opinião pública sequer sabia que o Ministério Público do Rio Grande do Sul havia recorrido ao CFM, depois do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) ter absolvido o médico em processo ético-profissional anterior. Logo, a tese de pressão fica prejudicada, ao menos em parte. Ressalto que o termo “ético” acompanha o procedimento, o que comprova que se trata de algo essencial, ao lado da capacidade técnica.
Buscando alguma analogia, uma situação hipotética similar que pudesse explicar melhor meu posicionamento, me ocorreu que um guarda-vidas, destes que protegem os frequentadores de nossas praias, levado por problemas pessoais sabe-se lá quais, um dia resolvesse entrar no mar e afogar uma criança. Por alguma insanidade qualquer, ao invés de salvar vidas ele se arvorou no direito de tirar uma. E o fez com todas aquelas qualificadoras do crime do médico: motivo fútil, impossibilidade da vítima se defender, etc. Preso, ele cumpre sua pena e, passado esse tempo, deseja voltar ao exercício da profissão. Afinal, não se pode negar que continua atendendo todos os requisitos técnicos necessários. Se trata de um exímio nadador e tem treinamento específico para agir nas situações de perigo. Ainda assim, seria prudente autorizar? A prioridade não deve ser dos veranistas, que têm o direito de proteção? Seria seguro permitir sua volta às guaritas?
No Brasil inúmeras profissões têm seus conselhos. Na área da saúde mesmo há de psicólogos, odontólogos e nutricionistas. Também os possuem arquitetos, químicos, assistentes sociais, administradores, biólogos, contadores e advogados, entre outros. Nos seus textos legais constitutivos consta que todos têm como função “regular, fiscalizar, orientar e disciplinar o exercício legal” de cada uma destas atividades. A eles cabe “registrar os profissionais e monitorar que normas éticas e técnicas sejam cumpridas”. A eles também compete zelar pelo prestígio e bom nome das profissões e de quem nelas atua, “contribuindo para a segurança, a confiança e o respeito entre seus membros e destes e com a sociedade”.
É absolutamente plausível imaginar que Leandro Boldrini continue tendo o conhecimento das práticas médicas. Só que isso está longe de ser o suficiente. A essência da medicina é a manutenção da vida, com a maior qualidade possível. É inaceitável tirar a de alguém, quem quer que seja. O que dizer então quando se trata de uma criança, do próprio filho? Isso é como matar junto a ética em si. Então, mantenho o que nem cheguei a dizer de modo direto e claro antes: concordo plenamente com a rara decisão do CFM, historicamente corporativista – talvez apenas um pouco menos do que o Cremers.
Enfim, não se trata de Boldrini não merecer mais ser médico. Vai além disso: a sociedade é que não merece ter em seu meio um médico como ele.
18.02.2025

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus escolhido para hoje é a música The Sound Of Silence (O Som do Silêncio), de Simon & Garfunkel. Neste clipe ela é tocada pela pianista clássica russa Margarita Sipatova, formada no Conservatório Estadual de Moscou também como cantora de ópera.