BOTAFOGO, BOTAFOGO
Sou MUITO gremista e isso não é segredo para ninguém. O que decorre de eu ter nascido aqui, no Sul Profundo, somado ao fato de ter inegável bom gosto e critérios corretos para fazer as minhas escolhas – vejam que modéstia também é uma das minhas diversas qualidades. Agora, brincadeiras à parte, se eu tivesse por algum desvio de percurso e pouso não programado da cegonha, nascido no Rio de Janeiro, em se tratando de opção clubística com certeza seria torcedor do Botafogo ou do Vasco da Gama. Jamais estaria ao lado do elitista “pó de arroz” Fluminense ou do arrogante Flamengo. Por isso, considerando que o Grêmio ao longo deste ano jamais esteve sequer perto da possibilidade de alcançar o título do Brasileirão, fiquei feliz com a conquista botafoguense. Algo que já poderia ter acontecido no ano passado.
Voltando à hipótese levantada, de um Solon torcedor do Botafogo, em boa companhia com certeza eu estaria. Lembrando alguns ilustres, do ramo da literatura, também foram ou são alvinegros Antonio Candido, Carlos Eduardo Novaes, Carlos Heitor Cony, Clarice Lispector e Ivan Lessa. Ainda os cineastas Fábio Barreto e Glauber Rocha, assim como o esportista Bernardinho e o ex-presidente Juscelino Kubitschek. No ramo da música Beth Carvalho, Carlos Lyra, Clara Nunes, Chico César, Emílio Santiago, Luiz Gonzaga, Marisa Monte, Nara Leão, Pixinguinha, Paulo Sérgio Valle, Radamés Gnatalli, Wagner Tiso, Zeca Pagodinho e Zélia Duncan. Querem mais alguns nomes? Adriana Esteves, Carla Camurati, Cláudia Alencar, Dira Paes, Flávia Alessandra, Samara Felippo e Regina Casé, para incluir bom grupo feminino, gente da televisão. E a lista é bem mais longa, podem ter certeza absoluta. Os que citei são apenas para exemplificar.
Agora, se eu tivesse que ser influenciado mais diretamente por alguém para fazer essa escolha, teria sido por João Saldanha, que ostentava um sobrenome pra lá de especial. Pois ele era gaúcho, jornalista, comunista, torcia para o Grêmio no Rio Grande do Sul e se tornou botafoguense no Rio de Janeiro, onde fez sua vida profissional. “João Sem Medo”, como era conhecido, chegou a treinar a Seleção Brasileira, montando o time que terminaria Tricampeão Mundial no México, em 1970. Só não esteve lá, na final em que vencemos a Itália por 4×1, porque antes do embarque teve a coragem de contrariar o ditador de plantão, que desejava que um determinado jogador fosse convocado. “Ele escala o ministério: quem escala a seleção sou eu”, teria respondido ao ser informado da sugestão do general Emílio Garrastazu Médici. Foi substituído por Mário Jorge Lobo Zagallo, um conhecido oportunista que não viu mal algum em levar o tal jogador. A título de informação: Saldanha faleceu em julho de 1990, em Roma, trabalhando na cobertura da Copa do Mundo da Itália.
No meio futebolístico há muito se tem o uso da expressão “certas coisas só acontecem com o Botafogo”. Tirando o exagero do folclore, não se pode deixar de concordar, nem que seja parcialmente. Um novo exemplo foi dado na soma de ocorrências nos últimos dias. Em 30 de novembro, na final da Libertadores da América disputada em Buenos Aires, contra o Atlético Mineiro, seu meio campista Gregore foi expulso de campo aos 29 segundos de jogo no primeiro tempo. Um recorde. Com um a menos ao longo de toda a partida, os cariocas venceram por 3×1 e conquistaram o título inédito. Oito dias depois, o mesmo atleta que fora expulso fez o gol que confirmou a faixa de campeão brasileiro, o segundo na vitória de 2×1 sobre o São Paulo, no Estádio Nilton Santos.
De autoria do cantor e compositor Lamartine Babo (1904-1963), o Hino do Botafogo o exalta na primeira estrofe como sendo campeão desde 1910, herói em cada jogo, fala da tradição e o chama de “glorioso”, um apelido que o clube se orgulha de ostentar até hoje. Coisa semelhante ao que o Grêmio fez, adotando o “imortal” que está no hino composto por Lupicínio Rodrigues (1914-1974). Enfim, esportivamente é justo e correto que se aplauda quem teve a competência e o mérito de chegar ao final da competição no topo da tabela. E também nos resta torcer que uma coincidência aconteça, em 2025. Isso porque o último título botafoguense fora em 1995. O último do Grêmio aconteceu em 1996. Que os deuses do futebol permitam que a sequência se repita.
09.12.2024

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é o áudio de Eu Quero Ver Gol, com O Rappa. Logo depois, um clip com o Hino do Botafogo.