A iniciativa surgiu na Filadélfia, nos Estados Unidos, na década de 1960. Ou ao menos o termo que a identifica vem deste lugar e período. A Black Friday refere um dia específico, que cai sempre na última sexta-feira do mês de novembro, quando os comerciantes oferecem descontos de fato extraordinários para que os consumidores sejam atraídos, de tal modo que antecipem suas compras para o Natal. No caso norte-americano, a data também tem a referência do Dia de Ação de Graças, que ocorre na véspera – última quinta-feira do mesmo mês.

Como a expressão “black” (preto, negro) tem naquele país a mesma conotação negativa que lhe associam por aqui, policiais diziam ser esse dia um caos, especialmente no trânsito e nas proximidades das lojas para onde as pessoas corriam logo após o feriado. Isso informalmente “batizou” a muvuca que ocorria. Com o passar do tempo e a partir das facilidades reais que eram ofertadas à população, passou a ser algo desejado, mas manteve o nome. Como outros tantos hábitos que são aqui importados, a primeira no Brasil aconteceu em 28 de novembro de 2010 e apenas para vendas online. Naquela ocasião, 50 lojas do varejo nacional estiveram participando da iniciativa. Atualmente, até pequenos comerciantes tentam fazer uso da ideia, mesmo com ela tendo sido um tanto deturpada pela ação de alguns desonestos.

O volume de problemas fez com que fosse estimulado, nos últimos anos, o uso de recursos de comparação de valores que determinam se é ou não uma oferta real. Isso porque muitos aumentavam e ainda aumentam os preços nos dias anteriores, para assegurar um desconto irreal na data correta. Sem contar que lojas falsas – no caso das compras feitas de modo online – também proliferam. É recomendável apelar para sites e ferramentas como Zoom, Google Shopping, JáContei e Buscapé, entre outras, que trabalham monitorando preços praticados e permitem, com isso, avaliação do que sejam promoções verdadeiras. Estar atendo ao Reclame Aqui também é relevante, para determinar reputações.

Além das lojas inexistentes – que são caso de polícia – e dos descontos falsos, a ganância de muitos empresários colabora para que a proposta original seja desvirtuada. Assim, surgem coisas como “Pré Black”, “Pós Black”, o dia vira semana (Black Week) e até mês (Black Month). Como os brasileiros são muito criativos, já se popularizou também a “Black Fraude”, quando são apontados os desonestos. E também os trocadilhos estilo “Black Fralda”, que uma rede de farmácias usou na promoção de artigos para uso infantil.

Quanto ao Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day), esse é um feriado tradicional nos EUA. Na data, as pessoas demonstram gratidão por tudo o que elas têm, sejam bens materiais como também familiares, amigos, sua saúde e conquistas pessoais. A origem remonta ao Século XVII. Um grupo de colonos na então região da Nova Inglaterra estava sofrendo para obter sustento, enfrentando adoecimento e mortes pela falta de alimentos. Então, nativos wampanoag, uma tribo indígena local, lhes auxiliaram com caça e pesca, além de ensinarem o cultivo da abóbora. Com a colheita seguinte alcançando abundância, os peregrinos – assim gostavam de ser chamados – convidaram os nativos para uma grande festa de confraternização. Esses trouxeram perus, que se tornaram uma presença constante nas mesas, até os dias de hoje.

O Dia de Ação de Graças também consta no calendário brasileiro. Mas, aqui não é feriado e também não se tem a tradição das ceias em família, como nos Estados Unidos e no Canadá. Então, apenas pessoas que são destes países e aqui residem o comemoram. Assim como escolas de línguas, que aproveitam a data de hoje para difundir a cultura; bem como também o fazem, parcialmente, integrantes de algumas religiões cristãs, como os presbiterianos e os metodistas. A data no Brasil foi instituída através da Lei 781, em 1949, a partir de sugestão de Joaquim Nabuco, que havia sido nosso embaixador nos EUA.

28.11.2024

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O bônus de hoje é vídeo de animação e a música What a Wonderful World, com Louis Armstrong. A canção remete ao Dia de Ação de Graças.