O QUE HOUVE COM O AVIÃO?
Vamos recuperar aqui um acontecimento da terça-feira, 1º de outubro. O avião presidencial que trazia Lula e sua comitiva de volta ao Brasil, na conclusão de viagem oficial feita para participar da posse da primeira mulher eleita presidenta do México, Claudia Sheinbaum, e da abertura do Seminário Empresarial México-Brasil, enfrenta problemas logo após a decolagem. Em função disso, depois da ocorrência ter sido notificada para a torre, se fez necessário que o Airbus A319 VIP, fabricado em 2004, voasse por quase cinco horas em círculos, para queimar combustível e assegurar um pouso em segurança.
Este avião é o principal da frota de transporte dos presidentes do nosso país. Foi adquirido em 2005, justamente no primeiro mandato de Lula, que inclusive foi duramente criticado pela oposição, na época, devido ao investimento feito. Ele possui cerca de 40 poltronas, além de quarto com cama para o presidente, banheiro com chuveiro e uma cozinha de porte pequeno. Também possui salas de reuniões e um escritório, para tornar possível trabalho durante os voos. De batismo, recebeu o nome Santos Dumont; por apelido, por muito tempo o chamaram de Aerolula. Aquela compra foi necessária para substituir o Sucatão, como era chamado o antigo Boeing 707 que antes era usado. Em 1999, aquele antigo levava o então vice-presidente Marco Maciel para a China quando um dos seus motores pegou fogo. Foi necessário um pouso de emergência na capital holandesa, Amsterdã.
Assim que decolou, na Cidade do México, o avião sofreu uma espécie de solavanco e ficou com apenas um dos motores operando. Informalmente, se ficou sabendo depois que chegou a ocorrer uma divergência entre o piloto e o copiloto, com um deles entendendo que deveriam seguir com a viagem, até o Panamá. Consta que a decisão de abortar o percurso foi do próprio presidente. Primeiro ele teria sido informado de que seria então necessário ficar três horas no ar. Passado esse tempo, disseram que ainda existiam sete mil litros de combustível, o que exigiria mais duas horas, o que irritou Lula ainda mais.
Depois de mais giros do que carrossel em parque infantil movimentado, o avião afinal voltou para o solo. O presidente quis que imediatamente todos fossem para o avião reserva, de modo a voltar para Brasília na mesma noite. Mas, nele o telefone presidencial não funcionava. Também a internet não oferecia contato algum. Ao perguntar pelas razões, Lula é informado que isso foi por cortes de custos por parte da Força Aérea Brasileira – talvez uma leve pressão para arrancar mais orçamento do que o bem gordo que está à disposição das Forças Armadas. A questão é que o mandatário maior de uma nação gigantesca como é o Brasil ficou horas e horas incomunicável.
Agora, sem que se mergulhe em teorias da conspiração, haveria algo de suspeito nessa situação toda? Talvez se comece a discutir isso citando o “detalhe” de que o avião tinha ficado em manutenção por 90 dias, pouco antes dessa viagem. O segundo pormenor reside no que já foi dito antes: a divergência sobre a providência a ser tomada. Além disso, uma investigação interna promovida pela FAB levantou outros pontos que, por “medida de segurança”, não foram informados. Alexandre Padilha, que é ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, estaria cobrando por respostas. Até porque, se soube apenas agora, foram quatro os “incidentes” ocorridos ao longo de um ano.
A grande imprensa brasileira deu pouquíssimo destaque para o evento. Talvez porque Lula não estivesse usando nem jet ski, nem moto. Agora, com certeza ela faria isso, se tivesse se consumado uma tragédia. Lembro que neste quesito foram vários os políticos vitimados. O deputado Ulysses Guimarães morreu na queda de um helicóptero em Angra dos Reis. O ministro do STF, Teori Zavascki, em acidente aéreo em Paraty. Eduardo Campos, que era candidato à presidência pelo PSB – Partido Socialista Brasileiro, na queda de um jatinho do qual não se conseguia saber sequer quem era o proprietário. Tivemos ainda o senador Nereu Ramos e o governador de Santa Catarina, Jorge Lacerda que perderam a vida na queda de avião que partiu de Porto Alegre.
O governador do Rio de Janeiro, Roberto Silveira, se foi com a queda de um helicóptero. Uma aeronave do mesmo tipo vitimou Clériston Andrade, ex-prefeito de Salvador que era candidato ao governo da Bahia, junto com o seu vice, Rogério Rego. Em 1987 um jato HS da Força Aérea Brasileira, transportando o ministro da Reforma Agrária, Marcos Freire, juntamente com o então presidente do Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, José Eduardo Raduan, caiu e explodiu no Pará, quando os trazia de Carajás para Brasília. E o deputado federal e presidente nacional do PTB, José Carlos Martinez, morreu com a queda de um monomotor em 2003. O assunto e as vítimas não se esgotam com esta lista.
Ainda este mês Lula viaja para a Rússia e tudo tem que ser esclarecido antes. Entretanto, fica a dúvida sobre qual aeronave será usada por ele no próximo percurso.
11.10.2024

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Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmenteO bônus de hoje é Anda Comigo Ver os Aviões, com Os Azeitonas, uma banda portuguesa de pop rock. Este clipe foi gravado ao vivo durante apresentação no Coliseu da Cidade do Porto.