A LOURA MISTERIOSA DE BRAGANÇA

Uma loura de pele extremamente branca, com olhos azuis amendoados, cerca de 1m60 de altura, bastante magra e que sempre era vista com vestidos longos, até a altura dos pés, e com mangas tão compridas que seus punhos fechados lhe cobriam as mãos, teria chegado em Belém no ano de 1976. Supostamente se tratava de uma suíça naturalizada inglesa e que vivera em Paris. Ao menos é o que constava no documento que apresentou, o passaporte inglês número 872152-A. A mulher, de nome Elisabeth Queminet Berger, ficou pouco tempo na capital paraense e então se dirigiu para a região de Salgado, no município de Bragança, distante cerca de 200 quilômetros. Por lá, anunciou seu interesse em adquirir terras em uma das ilhas existentes no local. O que conseguiu sem dificuldade.

Seus deslocamentos passaram a ser feitos com o barco de João Olaya, um comerciante que fazia trajetos não apenas para a Ilha do Meio – seis horas de lancha, partindo do continente –, onde a estrangeira adquiriu boa área, como para as demais, que ficavam próximas. Ele transportava passageiros e mercadorias. Elizabeth então procurou os demais poucos moradores e disse ter interesse também nas suas propriedades. O valor oferecido era muito bom, mas houve alguma relutância porque uma das exigências é que saíssem o mais rápido possível. Mesmo assim, aos poucos isso foi se concretizando.

Todos os documentos referentes às transações, que incluíam também os direitos hereditários, estão registrados e disponíveis no Cartório do 1º Ofício de Bragança. Mesmo não havendo dúvidas quanto à legalidade do que foi feito, começou a existir uma desconfiança sobre a mulher, que ia além da sua figura e da vestimenta estranha. Ela não passou a residir no local, num primeiro momento, sendo que mal visitava a ilha. Quando passou a ir até ela, vinha acompanhada de pessoas desconhecidas, que iam juntas no barco, mas não retornavam nunca. Eles também eram louros, como ela, porém mais altos. Geralmente chegavam em grupos de até uns 20 e falavam uma língua desconhecida. A quem perguntava, Elizabeth dizia serem cientistas.

Depois, a mulher decidiu ficar na ilha, onde nenhum dos moradores das redondezas podiam mais colocar os pés. As compras que ela fazia eram trazidas e deixadas em um ponto de desembarque. Foi quando começaram a surgir histórias ao melhor estilo de “lendas urbanas”. Testemunhas a teriam visto muitas noites andando nua pela areia da praia. E, quando chegava na altura da água, juram que continuava a caminhar sobre elas, como se flutuasse. Também passou a ser muito comum surgirem luzes inexplicáveis, em formato de meia lua, nestas mesmas oportunidades.

Agora, se algo extrapolou o nível já absurdo da curiosidade de todos, foi o fato de que ela passou a adquirir semanalmente cargas com até 400 quilos de peixes. Como esse “detalhe” ultrapassou fronteiras, surgiu a suspeita de que houvesse na ilha algum grupo de guerrilheiros. Afinal, se estava em tempos de ditadura militar no Brasil. Em função disso, um oficial da FAB, Uyrangê Hollanda, que comandava operação militar na região, decidiu investigá-la. Voluntários levaram os fardados até a ilha e lá encontraram a cabana da mulher abandonada, com poucos utensílios no seu interior. E nenhum vestígio dela naquele dia, destas outras pessoas ou dos peixes.

Como as tais luzes voltaram a aparecer, houve denúncia para a polícia. Ela teria chegado a ir depor, mas acabou liberada por não existir nenhum indício de qualquer crime. Mesmo assim, em função da excentricidade e ainda devido à suspeita de acobertamento de “subversivos”, a Polícia Federal resolveu conduzi-la até Belém, para novo depoimento. Ao chegar na delegacia, pediu para usar o banheiro antes de ser inquirida. Isso foi permitido, com policiais ficando junto à porta. Como ela não saía, foram verificar o que estava acontecendo. Para surpresa de todos, ela não mais estava lá dentro, sendo que o banheiro não tinha nenhuma janela.

Depois disso, Elizabeth não foi mais vista. Isso até 1985, quando um terremoto atingiu Los Angeles, nos Estados Unidos. A Interpol, que havia sido informada dos fatos na época e acompanhara o caso, uma vez que a mulher desaparecida não era brasileira, teria encontrado vestígios dela junto à equipe que trabalhava junto aos atingidos. No entanto, não conseguiram detê-la. E o mistério perdura até hoje.

26.08.2024

Você gosta de política, comportamento, música, esporte, cultura, literatura, cinema e outros temas importantes do momento? Se identifica com os meus textos? Se você acha que há conteúdo inspirador naquilo que escrevo, considere apoiar o que eu faço. Contribua por meio do PIX virtualidades.blog@gmail.com ou fazendo uso do formulário abaixo:

Uma vez
Mensal
Anualmente

FORMULÁRIO PARA DOAÇÕES

Selecione sua opção, com a periodicidade (acima) e algum dos quatro botões de valores (abaixo). Depois, confirme no botão inferior, que assumirá a cor verde.

Faça uma doação mensal

Faça uma doação anual

Escolha um valor

R$10,00
R$20,00
R$30,00
R$15,00
R$20,00
R$25,00
R$150,00
R$200,00
R$250,00

Ou insira uma quantia personalizada

R$

Agradecemos sua contribuição.

Agradecemos sua contribuição.

Agradecemos sua contribuição.

Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmente

O bônus de hoje é a música Mistérios da Meia-Noite, com Zé Ramalho.