A INCOMPETÊNCIA E A FÉ

Eu sou gremista. Muito gremista mesmo. Sócio que se mantém em dia com suas mensalidades desde julho de 1978. São 46 anos, portanto. E posso assegurar que entendo ser Renato Portaluppi um dos melhores jogadores que já vestiram o sagrado manto tricolor. No entanto, como treinador, mesmo também tendo sido vitorioso por aqui, ele está muito longe de ter o brilho que atribui a si próprio e no qual muitos seguidores acreditam cegamente. Renato é teimoso, arrogante e muitas e muitas vezes grosseiro. Ele “se acha”, se eu quiser simplificar na explicação. Jura que ninguém tem conhecimento suficiente para contestar quaisquer decisões suas. Debocha de quem ousa fazer isso, talvez como defesa na falta de argumentos. E jamais erra ou sequer se engana.

Até os paralelepípedos da Rua da Praia, estes que estão sendo retirados por ordem de Sebastião Melo, na “modernização” interminável do Centro Histórico de Porto Alegre, sabiam que JP Galvão era insuficiente. Ele só parou de escalar o atleta quando terminou o contrato – um alívio para os torcedores. Pediu reforços e explicou a necessidade deles com um “eu já falei para o presidente”, numa inversão hierárquica constrangedora. Até que os recebeu. Cristaldo não tinha mesmo reserva à altura, com o próprio Renato tendo “arquivado” Nathan Pescador. Chegou Monsalve, que já mostrou habilidade suficiente para estar em campo, e o Professor Pardal voltou a usar o descartado. Nesta decisão contra o Fluminense, o gênio destruiu seu próprio meio de campo e manteve os dois armadores que deveriam disputar posição (Cristaldo e Monsalve) juntos no banco. Assim, entregou o controle para o adversário, abriu mão do primeiro tempo e foi para o vestiário com um 2×0 contra e sem que o time tenha dado sequer um chute a gol.

A sumidade, que o jornalista Moisés Mendes chamou apropriadamente de “Estátua Boquirrota” em comentário no Facebook, não conseguiu ver de perto a qualidade de Gustavo Nunes que a comissão técnica do Brentford enxergou lá da Inglaterra e o veio buscar. Aqui ele era reserva de Pavón, que não vem atuando bem. Isso devido à “lapidação” imposta por Renato, que parece acreditar que os novatos podem vir a adquirir experiência por osmose, pela proximidade com os “cascudos” que ele sempre prefere. Gustavo Martins ficou com a bunda quadrada de tanto tempo sentado no banco, antes de ter uma chance. Ronald só é bom na Seleção Brasileira. Cuiabano foi dado quase que de presente ao Botafogo, porque o sabichão não gostava dele – por lá é titular incontestável. Existem mais exemplos disso nos últimos anos. O goleiro Adriel, para citar apenas um, ele sepultou e fez escracho público.

Asseguro a vocês que minhas críticas não estão sendo oportunistas, feitas a partir da derrota desta terça-feira no Maracanã, diante do Fluminense. E posso provar isso porque já escrevi outras quatro vezes aqui neste espaço, nos últimos anos, com opiniões contundentes e contrárias à conduta de Renato Portaluppi. A primeira delas foi ainda em agosto de 2021 (A Herança Maldita de Renato); a segunda em março de 2023 (É Dose Aguentar o Renato); outra vez ainda no ano passado, em dezembro (Renato é Pensamento Mágico); e por último agora em julho deste ano (Deu Prá Ti, Renato!). Em todas elas denunciei que ele não reunia condições para continuar no cargo. E citei a onipotência de um treinador que se sente maior do que o próprio Grêmio, mais importante do que presidente do clube no qual é apenas mais um empregado. Mesmo sendo disparado o mais bem pago de todos. A torcida precisa se dar conta: não há como prosseguir nessa idolatria injustificada, nesta fé cega de rebanho irracional.

O time das Laranjeiras não ganhou do Grêmio: ele derrotou Renato. O tricolor carioca jogou com comando e sem invenções. Fez um feijão com arroz básico e mereceu a vaga na próxima fase da Libertadores. Fábio, o agora evangélico goleiro deles, nas cobranças de pênalti conseguiu pegar dois. Atribuiu a classificação à ação divina. Não deixa de estar certo: o Deus Renato foi mesmo fator decisivo. Neste caso, termino com um pedido que é quase uma heresia. De que este “deus” nos abandone no final do ano, tão logo consiga o mínimo, que é assegurar nossa presença na Série A em 2025. Com um pouco de sorte, quem sabe não cai em nosso colo também uma vaga para a Sul-Americana? Ficaria de bom tamanho.

22.08.2024

O Fluminense foi campeão da Libertadores em 2023. E agora eliminou o Grêmio, em 2024

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