O ZÉ DE MUITOS TONS
O poeta, cantor e compositor Tom Zé, de 87 anos, andou dando um susto nos seus milhares de fãs ao ser internado, no último final de semana, no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Sua assessoria de imprensa se apressou a informar de que isso fora feito apenas para exames de rotina, o que não tranquilizou muito as pessoas, considerando-se sua idade. Natural de Irará, pequeno município nas proximidades de Feira de Santana, na Bahia (11.10.1936), e paulistano por adoção e alma, ele também costuma se apresentar como sendo arranjador e jardineiro.
Antônio José Santana Marins, o Tom, é uma das figuras mais originais no vasto repertório da música popular brasileira. Teve participação ativa no movimento conhecido como Tropicália (1960) e, desde então, sempre foi muito atuante no cenário artístico do nosso país. Desde 2022 membro da Academia Paulista de Letras, quando sucedeu a Jô Soares, foi para ela indicado pela qualidade dos seus textos. Quanto à música, desde menino ele tocava violão. Dificuldades, nunca passou em virtude de sua família ter tido a sorte de um bilhete premiado de loteria.
Quando adolescente, teve a experiência de tocar em alguns programas de calouros na televisão. E conseguiu vaga para estudar na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, passando em primeiro lugar no vestibular. Quando começou com suas atuações artísticas, contou ter se inspirado em uma figura que era muito popular naquela época e na sua região: o homem da mala. Assim é que chamavam o mercador que viajava pelos povoados pequenos, vendendo os mais variados produtos. Para chamar a atenção da sua freguesia em potencial, eles promoviam shows em praças públicas. Foi o que ele procurou fazer, amparado na capacidade de improvisar e entreter.
Teve ele então uma oportunidade ímpar, se aliando a Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia e Djalma Corrêa, no espetáculo “Nós, Por Exemplo”, levado no icônico Teatro Castro Alves, em Salvador. Depois disso o grupo foi para São Paulo encenar “Arena Canta Bahia”. E ele terminou participando da gravação do álbum que praticamente definiu o Movimento Tropicalista: “Tropicália ou Panis et Circencis”, em 1968. No mesmo ano, venceu o IV Festival de Música Popular Brasileira, que era promovido pela TV Record, justo com uma verdadeira declaração da sua então recente paixão: “São Paulo, Meu Amor”.
Nas décadas seguintes ele se tornou mais “experimental”. Nela produziu álbuns que, apesar da qualidade, não tinham apelo comercial, deixando de atrair a atenção do grande público. Recuperou sua carreira quando foi reconhecido pela crítica internacional, com excursões que fez para a Europa e Estados Unidos. Na volta, lançou “Com Defeito de Fabricação”, trabalho que foi considerado um dos dez melhores do ano de 1998 pelo jornal The New York Times. E compôs, ao longo daquela década, várias músicas para apresentações do magnífico Grupo Corpo, que é mineiro e dança sem fronteira alguma.
Tom conta que a primeira música que aprendeu a tocar foi “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga. Ele o ouvia, assim como a Jackson do Pandeiro. Diz também que foi com a leitura de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que passou a entender melhor o Nordeste. Como curiosidades finais, ele foi professor de Moraes Moreira, quando em escola de música ministrou a disciplina de Contraponto e Harmonia. E teve parceria com o grupo Os Mutantes – Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias –, em “Qualquer Bobagem”. Sua discografia tem nada menos do que 24 álbuns gravados em estúdio e dois ao vivo, além de quatro coletâneas. No ano 2000 ele inovou mais uma vez, lançando um álbum com dois discos, sendo que um deles servia para que os ouvintes mesmo conseguissem remixar as canções, criando as suas próprias.
31.08.2024

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