O TALENTO DA LIBANESA HANINE

Hanine El Alam é uma violinista e dançarina libanesa. Ela nasceu na aldeia de Baskinta, nas proximidades de Beirute, em 1986, crescendo na cidade de Dhour El Choueir. Talentosa ao extremo, o domínio que tem do instrumento foi aprimorado com estudos feitos desde os nove anos de idade, sempre guiada por seu pai. Adulta, formou-se no Conservatório Superior Nacional Libanês de Música, onde obteve também mestrado em Pedagogia Musical. Suas apresentações mesclam o toque suave do violino com uma expressão corporal que traduz toda a sensualidade das mulheres árabes, que seduzem com o olhar e os gestos. Ela faz isso com maestria, pois também domina a dança, além de ser musicista, como revelei na frase de abertura. Outra razão do seu destaque é o fato de ter um profundo respeito pelas tradições musicais árabes, sem abrir mão de adicionar a elas elementos que busca em diversos outros pontos do mundo, estejam eles no Oriente ou no Ocidente.

Uma mostra do seu talento pode ser vista ao final do texto de hoje, na forma do tradicional bônus, com a apresentação altamente coreográfica de “Arabia, Violin and Dance Show”. A música em questão havia sido escrita para uma dançarina em clube no qual Hanine tocava violino árabe. Com a devida autorização, ela construiu uma versão nova na qual alterou alguns dos elementos constitutivos, com transição de batidas puramente dançantes para uma peça orientada para o seu instrumento. Isso fez com que se tornasse ainda mais oriental e impactante. Nos arranjos estão Charbel Romanos e Dany Saad. Depois ainda temos outra: “Nostalgia” (حنين – نوستالجيا), onde ela outra vez demonstra excelente performance e conta com o apoio da percussionista Eliana Awad e do dançarino Nadim Cherfan.

Existe um estereótipo que associa o violino árabe, desde tempos de fato imemoráveis, ao desamparo e a pensamentos relativamente sombrios. Hanine é uma musicista empenhada em alterar essa ideia, o que faz com o uso de batidas mais alegres, com vivacidade suficiente para agradar os mais diversos públicos. Isso de certa forma é possível de ser feito porque o timbre do violino árabe varia de nasal e penetrante até rico e quente, como é o som do violino ocidental. Ou seja, ele permite opções dentro do seu estilo ornamentado de tocar, onde ocorrem glissandos, trinados e vibrato amplo.

Esclarecendo, o nome glissando refere uma passagem suave de uma altura para outra. A palavra tem origem no idioma italiano. O trinado é um som melodioso naturalmente produzido por alguns pássaros. É o gorjeio, o trilo ou trino. Portanto, o seu uso na música instrumental se trata de uma apropriação do termo. Quanto ao vibrato, se trata de uma ferramenta para interpretação da obra, sendo recurso tanto na música erudita quanto na popular. É uma forma de destacar ou ao menos alterar a sonoridade de uma determinada nota.

A música árabe é bastante rica, possuindo vários estilos diferentes. Entre os mais populares estão o Shaabi, que é bem contemporâneo; e o Tarab, mais melódico e emocional. Entre os mais tradicionais estão o Dabke e o Magam. Ela é milenar e sempre cumpriu, ao longo do tempo, importante papel em cerimônias religiosas, outras celebrações e festivais. Com ela a dança também floresceu, sendo que no imaginário ocidental aquela que ficou mais marcante foi a Dança do Ventre – Raqs Sharqi, sendo o seu nome verdadeiro. Naquela região do mundo, talvez como em nenhuma outra, há uma profunda simbiose entre dança e música, que se tornam uma experiência sensorial única. Como se verifica nas apresentações da artista libanesa lembrada e homenageada com esta crônica.

13.07.2024

Hanine El Alam, violinista e dançarina libanesa

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Os dois bônus de hoje foram anunciados no próprio corpo do texto. São duas músicas nas quais se pode ter uma noção do trabalho de Hanine El Alam. A segunda é apresentada pela musicista como sendo um instante no qual “o passado se casa com o presente e o mistério se associa à clareza”.