BEIJAR É BOM TODO DIA
Você lembra do seu primeiro beijo? Quando nos fazem essa pergunta, na certa não estão se referindo àqueles que trocamos com nossos pais e outros familiares, na tenra infância. Mesmo estes tendo importância vital para nosso desenvolvimento sadio, nos preparando para uma vida com trocas de afeto – e essa é uma das principais manifestações –, com tal questionamento querem saber é do beijo romântico. Aquele que abre as portas para descobertas outras, para outros níveis de querer bem, para a sexualidade inclusive. Este beijo que se eterniza, correspondendo ou não às expectativas anteriores. Que vem acompanhado de palpitações, de adrenalina. Beijo na boca. Quase um ritual de passagem, marcando a nossa história pessoal, mesmo que da história do próprio beijo não se saiba muita coisa.
Quando teriam nossos antepassados adotado esse costume, do contato entre os lábios e mesmo de invasões maiores, quando as bocas entre abertas permitem ainda a invasão de línguas? Não há registros do ato nos desenhos rupestres, em pinturas nas cavernas ou em tecidos. Mas, é muito provável que esses ancestrais já praticassem isso com relativa regularidade. A questão é tão séria que tem nome o estudo que dele se faz: a philematologia, que investiga aspectos comportamentais, sociais, neurológicos e fisiológicos. Muitos pesquisadores se concentram na razão biológica dos beijos, nos hormônios envolvidos. Mas, eles também se debruçam em razões psicológicas. Alguns juram que se busca inconscientemente com eles pistas sensoriais, que nos identifiquem com o outro. Afirmam que existem sabor, cheiro e até mesmo som que são percebidos e processados, no sentido de confirmar ou desmentir afinidades. Assim, deveria ser terrível o namoro antigo, onde até o pegar nas mãos era evitado e o beijo algo proibido.
Beijos são a porta de entrada para conexões ainda maiores. Entretanto, há variações como os encaram e aceitam, dependendo de cada sociedade. Em algumas eles são totalmente desaconselhados em público, por exemplo, sob pena de gravíssimas punições. E existem muitas razões para que eles aconteçam em nossas vidas. Aqui entre nós existe o beijo de cumprimento ou de saudação. Ele se enquadra ainda em muitas relações interpessoais que não em um ensaio ou concretização das amorosas. Como aqueles dados nas bochechas, nas mãos, na testa. Mas, mesmo esses outros são confirmação de proximidade. Damos beijos em chegadas e partidas, beijos que confortam, que agradecem, que acalmam.
No livro O Guia dos Curiosos consta que uma pessoa que viva a média da expectativa troca cerca de 24 mil beijos de todos os tipos. Sei lá como é possível uma estimativa dessas ser feita. Outra avaliação garante que um beijo de apenas dez segundos é capaz de queimar 12 calorias. Se isso é verdade, melhor ficar beijando alguém que se ame por bom tempo, ao invés de tentar perder peso numa academia. Outro fato curioso é que além dos humanos também chimpanzés e bonobos costumam se beijar. Mas, entre estes primatas, o ato é constatado depois de confrontos, de brigas. O beijo serve como reconciliação, não como manifestação afetiva. Voltando aos humanos, esquimós se beijam de outro modo, esfregando o nariz uma pessoa na outra.
Na vida real, a redução na frequência dos beijos entre um casal pode ser vista com um sinal de enfraquecimento na relação. No cinema, creio que não existem filmes românticos sem que eles apareçam. Uma das cenas icônicas está em A Um Passo da Eternidade, filme de 1953. Um beijo entre Burt Lancaster e Deborah Kerr, na praia, mostra a consumação de um amor proibido. É com um beijo de amor verdadeiro que o príncipe faz Aurora despertar do sono profundo ao qual ela fora condenada devido à maldição de Malévola, em A Bela Adormecida. E até mesmo animações recorrem ao recurso, como se viu quando dois cãezinhos tocam de leve e ternamente os seus lábios, ao tentarem comer o mesmo espaguete, em A Dama e o Vagabundo.
Esse assunto veio a calhar porque o último sábado, 13 de abril, foi dedicado especialmente para ele: o Dia Internacional do Beijo. Se bem que, aqui entre nós, não dá para acreditar que as pessoas se beijem mais apenas por causa da data. Ou que se beijem menos, nos demais dias do ano. De qualquer forma, mal não faz existir um momento que se possa exaltá-lo.
A verdade é que temos selinhos, beijos roubados, molhados, tímidos, demorados e até mesmo apenas sonhados. Felizmente os temos todos. E não chegamos nessa vida com um número determinado, de tal modo que se precise poupar para que não falte. Beijo bom é o beijo dado com amor, o beijo trocado. Um beijo em quem se gosta é dizer um “eu te amo” sem precisar de palavras. E se é bom lembrarmos do primeiro, melhor ainda é que a gente lembre do último. De preferência renovando essa memória todos os dias, mais de uma vez a cada dia.
15.04.2024

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