O PERIGO REPRESENTADO PELOS CACs

Início da noite do sábado, 16 de dezembro. Dois policiais civis lotados no Departamento Estadual de Investigações Criminais, vão investigar um roubo ocorrido em uma residência localizada nos Jardins, bairro nobre da cidade de São Paulo. Para realizar seu trabalho, se dirigem a outra, que fica nas proximidades, entendendo que as imagens das suas câmeras de segurança poderiam auxiliar. São recebidos pelo segurança Alex James Gomes Mury, que prestava serviços para o dono do imóvel, Rogério Saladino. Esse último, mesmo tendo sido comunicado do propósito da visita, preferiu acreditar que se tratavam de assaltantes – segundo a versão apresentada posteriormente pela família. Assim, apanhou duas armas de fogo, uma pistola 380 registrada em seu nome e outra 45 sem registro, abriu o portão e disparou contra os policiais.

Surpreendida, a investigadora Milene Estevam recebeu disparo letal antes de poder reagir e caiu agonizando. Mas, seu colega conseguiu sacar a arma e revidar, atingindo Rogério que também foi ao chão. Alex então se apropriou de uma das armas do patrão e trocou tiros com o policial. Acabou morto no local. Milene foi socorrida, mas morreu na Santa Casa. Rogério chegou com vida no Hospital São Paulo, onde faleceu.

Mas, o que pode ser destacado em mais essa triste história de violência urbana? Rogério era um dos milhares de CACs, a sigla que foi adotada para identificar caçadores e colecionadores de armas em nosso país, cujo número disparou durante os incentivos dados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse e outros tantos “homens de bem” passaram a ter o direito de possuir em suas casas 30 armas diferentes cada um, todas elas legalizadas. Deste total, a metade poderia ser composta por aquelas de calibre restrito, incluindo fuzis semi automáticos. Também passou a ser permitida a compra de mil munições por ano, para cada uma dessas armas. Ou seja, foi posto um arsenal ao alcance da população: nada menos do que 2.965.439 constam nos registros. O que se viu foi uma facilidade enorme para aquisição por parte de milícias e traficantes, que tiveram acesso por menor preço e sem correr o risco de contrabandear. Também cresceu o número de pessoas que foram vitimadas por essas mesmas armas, quer em disparos acidentais ou não.

Rogério Saladino tinha dois antecedentes criminais. Um deles por lesão corporal e homicídio; o outro por crime ambiental. O empresário, que era dono da Biofast, empresa do mercado da medicina diagnóstica, que faz entre outras coisas exames toxicológicos e de anatomia patológica, chegou a ser preso por esses crimes. Atualmente vivia relacionamento com a arquiteta e modelo Bianca Klamt, pessoa que tem quase 60 mil seguidores no Instagram.

A morte destas três pessoas foi uma decorrência direta do armamento inconsequente da população, assim como também da valorização da personalidade e da postura belicosas. O atirar antes e perguntar depois. O quem pensa diferente de mim está sempre errado. Aquilo de achar que se alguém se aproxima de mim quer o meu mal. Isso tudo é uma espécie de anti humanidade, a destruição da empatia, compaixão e esperança. O total desrespeito à vida, que se trata de algo sagrado. Foi embora antes da hora aquele que provocou tudo, que foi o pivô da crise, mas também quem entrou de gaiato. A policial que estava lá justamente para ajudar na segurança inclusive do agressor gratuito. E o funcionário que cumpria sua função justo porque o CAC, com todas as suas armas, ainda assim não se garantia sozinho. O que é uma enorme contradição.

20.12.2023

O incentivo ao armamento da população civil é um grande risco para a segurança de todos

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20.12.2023

O bônus de hoje é o áudio da música Violência, dos Titãs.