OS NEANDERTAIS NÃO FORAM EXTINTOS

O ser humano moderno, ou Homo Sapiens, surgiu na Terra no mesmo período que os Neandertais. A diferença é que conseguiu sobreviver. Seriam duas espécies diferentes que teriam convivido sem interação alguma, segundo supunha a ciência, até recentemente. Mesmo muito parecidas, a biologia entendia que seria impossível que elas cruzassem gerando descendentes férteis. Só que essa noção vem de um período no qual os métodos de pesquisa não tinham alcançado avanços que agora possuem, em especial quanto a estudos genéticos. Assim, hoje se consegue provar que os dois grupos não apenas conviveram como também tiveram relações sexuais entre si. E que estas produziram descendentes.  

Mapeando a evolução das espécies, conforme a conhecemos agora, cerca de um milhão de anos atrás surgia, derivada do Homo Erectus, a espécie conhecida como Homo Heidelbergensis. Isso ocorreu na África, com o grupo se dividindo depois, uma vez que uma parte permaneceu naquele continente enquanto outra foi para a Europa e uma terceira se dirigiu para a Ásia. Aqueles que perduraram no território africano é que deram origem ao Homo Sapiens, enquanto os demais formaram os Homo Neanderthalensis (Europa) e os Homo Denisova (Ásia). Só que isso tudo não acontecia nem de modo instantâneo, nem linear. Ou seja, levava bastante tempo e não se dava de forma isolada, de tal maneira que cada espécie derivada que ia surgindo convivia com as demais por um bom tempo. Hoje em dia se acredita que pelo menos seis espécies do mesmo gênero Homo chegaram a viver simultaneamente, uma vez que outras além das principais que citei, também habitaram a Terra.

Como todas faziam migrações, os encontros deveriam ocorrer com uma frequência considerável. Muitos destes eventos deveriam ser hostis, originando conflitos e confrontos. Entretanto, em várias ocasiões provavelmente não era assim, havendo interação não agressiva. Isso pode ser afirmado a partir de estudos de cientistas do Instituto Max Planck, da Alemanha, que conseguiram sequenciar o genoma de um fóssil Neandertal, em 2010. Nele foram encontrados vestígios de certas características que em tese não deveriam estar neles. Essa hipótese foi fortalecida em 2015, quando foi sequenciado o genoma do mais antigo dos Sapiens encontrado na Europa. Teria que ter ocorrido cruzamentos entre eles, enquanto avançavam da África em direção norte, foram as conclusões em ambos os casos.

O Sapiens encontrado tinha em seu DNA algo entre 6 e 9% de presença confirmada de Neandertais. Ou seja, um dos seus tataravós era desta espécie. E tal “mistura”, segundo os pesquisadores, contribuiu para as características que temos hoje em dia. Vem destes a sensibilidade de nossa pele ao sol, o crescimento de cabelo e de outros pelos que se tem no corpo e até mesmo respostas imunitárias. Acrescento: são também variantes que se herdou dos Neandertais que protegem contra sangramentos durante a gravidez e contra abortos espontâneos. Até mesmo sermos mais ou menos ativos durante o dia ou à noite, assim como traços psicológicos e inclusive propensão ao vício em nicotina – só não sei como chegaram à essa última conclusão.

Outros desses genes que se herdou podem, ao contrário dos citados anteriormente, causar problemas. Um bom exemplo seria o vindo de uma variante que contribui para a coagulação mais rápida do nosso sangue. No passado, ajudava a fechar ferimentos com maior rapidez, reduzindo riscos de infeção. Mas, hoje em dia, seria a responsável por aumentar a possibilidade de coágulos e derrames. Outros estudos mostram que pode existir também relação destes genes que os Neandertais nos deixaram com a chance muito maior de contrairmos doenças virais.

Sobre terem sido consensuais ou não as relações sexuais, em 2017 uma antropóloga da Universidade da Pensilvânia (EUA) identificou em fóssil do dente de um Neandertal uma bactéria que até hoje está nas nossas bocas. E ela originalmente era encontrada nos Sapiens, o que leva a crer que foi transmitida por beijos. Também devem ter ocorrido trocas de infecções sexualmente transmissíveis, como herpes e HPV.

Agora, o mais importante que se pode depreender dos estudos todos feitos está no fato de que eles todos apontam agora para ter ocorrido o que chamam de “assimilação”. Como os Neandertais já eram em número muito menor na época, não teriam sido “extintos” e sim “assimilados”, na medida em que famílias de Sapiens e Neandertais foram sendo formadas continuamente. Deste modo, somos descendentes não de uma destas espécies, mas de ambas. 

16.11.2023

Todos temos em nós uma parcela dos genes neandertais

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O bônus de hoje é o áudio de Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, música composta por Raul Seixas, aqui cantada pelo próprio.