DIMENSÕES E GRANDEZAS

Nós passamos a vida inteira chamando de estrelas cada um daqueles milhares de pontos luminosos que aparecem em noites de céu claro. Mas, uma delas optamos por chamar de Sol. Na verdade, o nosso Sol é uma estrela, tanto quanto as estrelas todas são sóis. Sabemos que elas têm tamanhos diferentes, mas fora isso a única distinção entre todas é a distância que estão de nós. A luz do Sol leva nove minutos para chegar até a Terra. Já a luz da segunda estrela mais próxima de nós leva 4,8 Anos Luz – ou 1.756 dias – para atingir o nosso planeta.

Vi na internet um vídeo postado por um professor de matemática. No seu relato, ele contava que uma diarista pediu a um colega seu, matemático como ele, que calculasse para ela que quantidade de água caberia em um determinado balde. O homem então pegou uma fita métrica, fez a medida exata do diâmetro de boca e do diâmetro do fundo, fez o mesmo com a altura do balde. E, como sabia de cor a fórmula do tronco de cone, que é a do balde, respondeu rapidamente: 55 π sobre 3. Importante ressaltar que a resposta estava exata. Mas, como podemos deduzir com facilidade, foi inútil para a diarista.

Conhecer dimensões e grandezas é algo relevante. Agora, em todas as ocasiões, elas só são perceptíveis em termos comparativos. Só existe o que é grande porque há o pequeno. Se pode falar que algo está distante apenas porque se entende o que seja próximo. E números ou quaisquer coisas que não estejamos preparados para associar com outra, nenhum valor tem para nós. Como o exemplo da diarista e seu balde: não serve para nada.

No início da nossa trajetória escolar, a ansiedade para desvendar os mistérios dos números só perde para aquela outra, de conhecer as letras. Depois, se percebe que os primeiros referenciam não apenas as quantidades das coisas, como também seu formato, com comprimento, largura e altura. E passamos para as noções de massa, que nos surgem não mais em centímetros e metros, mas em gramas e quilogramas. Dali em diante os números nos acompanham em quase tudo e durante a vida toda. Calculamos avanços e retrocessos, conquistas e fracassos, tudo de modo cotejado, confrontado. Vale para o que é objetivo, como o nosso salário; e para o que é subjetivo, como nossos sentimentos.

Agora, revelo aqui para vocês, até hoje me incomodo com algumas das aferições que precisam ser feitas. Especialmente aquelas que, mesmo parecendo simples e óbvias, na verdade têm uma existência mais incerta que o tal de π, aquele que citei lá atrás. Aliás, um parêntese: este é o símbolo do Pi, algo tão estranho que é identificado por duas letras, sendo na verdade um número. Não um número inteiro, fracionado ou racional, mas irracional – assim como a extrema-direita, para você entender -, que os matemáticos juram ter grande importância para se estudar sólidos geométricos e figuras planas – não estou falando da Terra, obviamente – que possuem curvas. Sua forma decimal é uma dízima não periódica, mas nem me pergunte o que é isso.

Com este parêntese fechado, dou três exemplos para vocês, vindos da culinária. Está em tantas receitas, uma “pitada de sal”. Mas, que raios vem a ser de fato uma pitada? Sei: o que cabe entre polegar e indicador, quando colados. Só que isso não é uma quantidade exata. E o tamanho dos dedos, e a densidade do sal, e o gosto de quem vai comer esse alimento? Depois, mandam cozinhar em “fogo brando”. Alguém conhece um fogo implacável, inclemente, abrupto ou atrevido? Nos dicionários esses são os antônimos de brando. No meu fogão são quatro bocas, com algumas graduações cada uma. Como devo definir qual delas usar e em qual graduação? Além disso, tudo dependerá do tempo de exposição ao calor. E ainda tem o tal “fio de azeite”. Mas que diacho é exatamente isso? Qual a espessura e o comprimento do tal fio?

Falando nisso, melhor parar por aqui. Antes que desconfiem que exposto ao calor não do fogo e sim de um sol forte tenha sido eu, nesse momento. Razão pela qual estaria delirando com essa história toda de dimensões e de grandezas. Mas, garanto a vocês, aferi minha temperatura e não estou febril.

27.10.2023

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O bônus de hoje é Vitor Ramil com a música Estrela, Estrela.